Birkin


Faleceu Jane Birkin, aos 76 anos. Atriz, cantora, ativista, livre e considerada, por muitos, ícone de elegância. 

Durante anos Birkin fez-se acompanhar de uma cesta de vime. Dizia que não conseguia encontrar uma mala suficientemente confortável e prática. Após um encontro com o diretor da marca francesa Hermès, em 1984, Jane deu nome ao modelo ‘ideal’, nascendo assim o modelo Birkin. Em 2015, Jane solicitou que o seu nome deixasse de estar associado ao modelo Birkin Croco por não respeitar o bem-estar animal, mas o modelo Birkin seguiu como um dos mais caros do mundo chegando a atingir o valor de cerca de 30 000 euros. 

Jane passou de uma cesta a que qualquer um podia almejar para uma mala com que só alguns podem sonhar.

No final dos anos 80 ainda me mandavam à mercearia buscar o pão com um saco de pano e as senhoras mais velhas levavam as suas cestas para todo o lado, às compras, à cidade com os papéis para mostrar ao médico, com o almeiro nas excursões… mas com o aumento do fast fashion, nos anos 90, os sacos de pano e as cestas deixaram de ser usadas e passaram a estar associados a uma certa ruralidade de que todos queriam fugir. Ultimamente, com o crescimento de uma maior consciência ambiental, da necessidade de reutilizar materiais e de reduzir o plástico voltaram a estar in, mas já não são para qualquer pessoa.

Os sacos de pano voltaram associados a uma certa cultura hipster e até ganharam nome estrangeiro para estarem mais de acordo, mas massificaram-se e agora, os tote bags para além de transportarem livros e exibirem citações são usados como merchandising em qualquer evento  e por qualquer agremiação, da esquerda à direita.

As cestas, infelizmente, não se massificaram. Talvez por estarem mais dependentes da natureza e o seu fabrico ser mais artesanal, as cestas são mais raras e mais caras. Associadas a um certo kitsch e bom gosto, empurradas por marcas como a Carolina Herrera que criou o modelo Aveiro inspirado nas cestas da feira, são demasiado caras o que é uma pena porque apesar de ter como certo que ninguém me consideraria ícone de elegância gostava de ter uma.


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