Nobel
Mais uma vez, o Nobel da Literatura, não foi para Lobo Antunes
ou, para outro português. Nem vai enquanto não houver uma aposta governativa semelhante à que fazem com o patrocínio a grandes
obras de arte que são só isso, grandes, e com a internacionalização do cinema. Sendo que no caso do Turismo é incompreensível que não façam mais
promoção ou eventos literários já que não deve existir um único município
sem uma Casa-Museu ou centro de interpretação dedicado a um escritor.
Os portugueses são frequentemente acusados de não se interessarem
por literatura, mas os portugueses adoram os seus escritores e usufruem deles
na medida em que eles lhes são oferecidos. Mesmo que o que lhes ofereçam seja
só o orgulho na conterraneidade. O nome da rua, a estátua do largo, o túmulo e
a casa-museu que visitam amiúde ao longo da escolaridade obrigatória... Depois, os poucos eventos locais destinam-se aos doutores e políticos que vão a convite e não são
muito abertos à diferença, ao empregado fabril que lê ou ao agricultor que
escreve versos. Quem na cultura é?
Este ano, o galardoado foi Jon Fosse. Não vou dizer que conheço
muito bem ou fazer ares da entendida que não sou. Agrada-me que as
editoras portuguesas não tenham sido apanhadas de surpresa como tantas vezes
acontece e não vão correr a arranjar traduções duvidosas. Agrada-me que
esteja disponível para ler se assim o escolher. Apesar de achar mais graça
quando os doutos da critica literária são apanhados distraídos e se desdobram
em superficialidades para não admitir que os senhores da
academia se limitaram a ver um filme com a Michelle Pfeiffer no papel de uma
professora que para conquistar os alunos lhes apresenta o poema ‘Mr. Tambourine
Man’ do poeta Bob Dylan. Um nível de qualificação que atingi aos 15 anos, quando passavam filmes ao Domingo à tarde, na TV.
Como com grão a grão se pode encher o papo e estou pobre, eis-me aqui a tirar proveito de
vós para alimentar a ilusão de poder ter mais um ou outro livrinho.
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